domingo, agosto 15, 2010

Quem eu sou?

Sou a L. Sou brasileira. Sou estudante. Sou filha do meu pai, filha da minha mãe, irmã dos meus irmãos. Sou baixa. Sou branquinha. Sou, sou, sou... Mas será que é isso mesmo que eu sou? Tudo isso são coisas que fazem referência a minha pessoa. São coisas que me identificam, mas não são a minha identidade. Qual é a minha identidade, afinal?

Parece que todo mundo passa por essa fase de procurar saber quem é e pra quê veio. Quando pergunta-se a alguém quem ela é, na maioria dos casos, se ouve na resposta as funções da pessoa. "Sou médica, mãe de três filhos e dona de casa nas horas vagas." Existem ainda aqueles que são lembrados pela aparência. "Sou a mulher melancia, porque tenho uma bunda grande." "Sou a mulher melão, por ter seios grandes." E se um dia a pessoa se aposentar e não puder mais exercer a função de médica, ou a mulher precisar tirar a prótese de silicone dos peitos? (Como foi o caso de Scheyla Almeida, que tentava ter o maior seio com prótese do mundo e teve problemas de saúde, tendo que tirar. Entrou em depressão após isso.) A pessoa perderá suas referências, e então perderá sua identidade? Quem ela será após não ter mais aquilo que a identificava como alguém no mundo ou na sociedade?

Outras pessoas respondem a incógnita de quem ela é contando uma história de sua vida. Pode dar uma resumida, ou passar horas contando as grandes e pequenas coisas que fez em sua caminhada. Só que esquecemos de que isso é a nossa vida, não nós mesmos. Você passou por isso, mas não é isso de fato. Essa lembrança você não perderá, será mais uma referência a sua pessoa.

Ouvi um cara falando uma vez, que quando criança, era identificado como  "o filho de Fulano." E foi assim por quase a vida toda. Quando, então, passou a ter sua vida independente e casou-se, passou a ser "o pai de Ciclana". Muitas vezes, nossa identidade está veiculada as nossas características, aos nossos parentes, as nossas posses, as nossas funções, ao nosso nome. As pessoas não são só o nome que dizem, nem só a profissão, nem mesmo a aparência. Somos muito mais do que isso. E o que seria esse "muito mais"?

Passamos a vida inteira querendo achar coisas que nos complete. Crescemos nos sentindo vazios e a espera do dia em que tudo esteja resolvido, para que possamos, finalmente, nos sentir bem e feliz. Acontece que sempre que realizamos mais uma tarefa, mais um sonho que queríamos, nos sentimos satisfeitos. Entretanto, isso não dura para sempre. E aí então pulamos para a próxima etapa, para tentar achar outra coisa que nos complete, porque a anterior não foi suficiente. Percebe-se isso quando compramos um carro melhor do que o anterior, quando estamos com uma roupa nova, quando mudamos o visual, ou até mesmo quando começamos um relacionamento. Mas esquecemos sempre, em toda essa busca por coisas que encaixem em você e te satisfaçam,  de procurar no lugar mais óbvio de todos: dentro de você mesmo. Só nós podemos nos completar.

Será que quando envelhecermos vamos nos olhar no espelho e nos reconhecer? Será que estaremos satisfeitos com aquela imagem que não tem mais a beleza de antigamente, com aquele corpo que não tem mais a disposição de antes e com aquela pele que não é mais tão macia? Suas referências não serão mais as mesmas, daí você não será você mais?

Pense em você sem o seu nome. Sem suas características físicas. Sem suas funções. Sem as suas referências. O que sobrar, é você em essência. A resposta para o "Quem eu sou?" não está no futuro, você encontra sempre no presente. Porque quem você é hoje de verdade, não vai mudar. Sua vida vai mudar, as pessoas nela irão mudar, seu ambiente não será mais o mesmo. Mas você como você é, ficará assim.

Então... Quem é você?

7 comentários:

  1. Que profundoo Laura!
    Saiba que pra mim os amigos também são parte de quem nós somos. Então, você é um pedacinho de mim <3
    I'll miss you!

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  2. adorei o texto. mundo profundo e verdadeiro ! você escreve muito bem :D continue assim !

    (ps: parabéns pelo bicampeão, o Inter).

    se cuida.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Quem vc é muda sempre. Ninguém é uma pessoa só o tempo todo. A vida muda e vc tbm. Sua mentalidade, pensamentos e ideologias que formam o seu ser e caráter estão em constante renovação. Principalmente quando ainda somos tão jovens.A matéria do "eu sou", nós cursamos todos os dias, sempre aprendendo, sempre mudando. Não acho que há formatura para essa disciplina.

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  5. tudo faz muito sentido. Não parece tão facil pensar nisso porque as pessoas não pensam com a frequencia que deveriam. Li ou ouvi em alguem lugar que a gente não é o que a gente quer, mas a gente é o que a gente é.

    E pensando no assunto, quando alguem se perde ou faz alguma coisa que suportamente não deveria, será que ela "se perdeu"? ou isso mostra como ela realmente é?

    Gostei muito mesmo do texto.. escreve muito bem.. e obrigado pelas visitas..

    Beijos!

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  6. Nossa, adorei o texto! E veio em uma boa hora pra mim, andei meio perdida, minha essência talvez tenha adormecido por um tempo e eu vivo tentando buscá-la em velhas lembranças, é como ver uma fotografia ou lembrar de certos fatos e tentar "despertar" quem eu sou verdadeiramente, mas talvez não seja o modo correto de me procurar, como você escreveu, "quem você é se encontra no presente". Adorei mesmo o texto, parabéns! ;) aaaliás.. eu vinha aqui sempre, tu nem deve lembrar! haha mas enfim, virei mais vezes, beeijo guria!

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